Entrevista: Problemão disfarçado de probleminha (filosofia e matemática)

Problemão disfarçado de probleminha

Quando o matemático se depara com um problema insolúvel, tem duas saídas: passar o resto da vida em busca da solução (talvez sem sucesso) ou piorar o problema. WALTER CARNIELLI, professor no departamento de filosofia da Unicamp, escolheu a segunda e generalizou um problema da teoria dos números que até criança entende, mas ninguém resolve.

Um jovem de cabeça raspada acaba de passar no curso de filosofia e pensa: “Finalmente, vou estudar o que escolhi. Nada de física, de química, de matemática…” Quando chega à sala de aula, dá de cara com o professor de lógica e eis que é um matemático. O garoto, que sempre foi mais de “humanas”, fica confuso. Talvez seja assim que alguns alunos da filosofia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) se sintam ao conhecer Walter Carnielli.

Matemático há mais de 30 anos, diz que para ser um bom filósofo é preciso ter noções de matemática: “Meus alunos não gostam muito, mas aprendem. Digo que eles têm de olhar para os grandes filósofos, como Immanuel Kant, Aristóteles e Platão, que prezavam muito a matemática.”

Para ser um bom matemático também tem de ter um pé nas ideias filosóficas. O matemático que conhece a história do mundo, a filosofia da ciência e por que ela é assim evita o risco de dizer bobagem. “Os grandes matemáticos sabem disso”, diz Carnielli. Na hora de propor um problema, porém, o matemático tem de ser minimalista, objetivo, caso contrário não sai do lugar. “O geômetra, por exemplo, tem de esquecer a noção filosófica de reta e tentar propor uma teoria axiomática sobre retas, pontos e planos. É uma questão de método, mas nada o impede de depois refletir sobre as consequências filosóficas do problema matemático. Ele não precisa ser um ignorante.”

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